Estou caindo.
Depois de horas viajando é isso que encontro? Um buraco. Maldito buraco! Não acredito que aceitei ir a um encontro com meu amigo virtual às 10:00am em pleno sábado ensolarado em um local tão antiquado como esse. Essa rua me lembra as ruas escuras de Roma que nos levam a uma multidão. Mas esse buraco... Como eu poderia saber que ele existia?

Continuo caindo
Odeio essa sensação de queda. Onde irei parar? Deveria ter vindo com uma roupa mais social. Um jeans e tenis, quem sabe?! Coitado do meu scarpin, o salto quebrou assim que tropecei. Onde vou cair afinal de contas?

Caí
Eca! Que água nojenta. Isso não é um esgoto. Não cheira mal. Meu terninho beje já era.
Começo a andar à procura de uma saída. Vejo claridade e olhos. Alguém me olha com o olhar de Michelangelo.
_Hey! Quem é você?
Ele sumiu! Corri mancando em sua direção, quanto mais nos afastávamos de onde eu caí mais claro tudo ao meu redor ficava. Paredes de pedras e chão desnivelado. Que diabos! Onde estou?
O homem entrou em uma porta de madeira grande daquelas que vemos no castelo do Drácula. Entrei atras dele. Nunca em toda a minha vida vi local mais belo, o tapete persa dava uma elegância sem tamanho ao local. Pela primeira vez tive medo. O homem se virou para mim com o mesmo olhar de antes, seus cabelos cacheados eram graciosos, os lábios tinham um contorno perfeito e seu sorriso escondia um mistério em cada canto que desejei profundamente descobrir.
_ É você? Gustavo?
_Não sabe o quanto esperei por esse momento!
Uma arma! Ele me levou ali para me matar! Apontou para mim. Olhei aquele cano e vi minhas alegrias passando diante dos meus olhos. Não vi minha vida toda, quem gostaria de lembrar dos momentos ruins quando se está prestes a morrer? Um barulho ensurdecedor ecoou pelo comodo.
Então eu acordei.

~Suelane Santos